Era uma vez um menino muito rico – não daquela riqueza propriamente material – mas de uma riqueza interna, preciosa, e nem sempre visível do lado de fora. Esse menino tinha um objetivo muito simples na vida quando nasceu, o de simplesmente ser feliz.

Ele não era um menino muito falador, era mais do tipo que observa… ganhando a confiança apenas daqueles que tinham um pouco mais de paciência, para quebrar tantas barreiras que ele colocava. E por colocar tantas e tantas barreiras, com o tempo o menino passou a acreditar que as barreiras não era suas, mas sim dos outros. E quanto mais ele decidia que as barreiras eram dos outros, mais reforçava o sentimento de que as pessoas não eram dignas de sua confiança.

-É melhor ficar aqui no meu espaço, do que tentar escalar essas barreiras para um lugar em que não me querem. – pensava o menino.

E o menino ficou atrás de suas barreiras. Com o tempo, porém, começou a sentir-se muito sozinho. Afinal, as barreiras eram muitas e eram grande, e não tão interessantes como o que existia atrás delas. E a simples tarefa de ser feliz começou a parecer mais e mais difícil.

Decidiu então, depois de refletir, que algo precisava mudar. E resolveu ter um olhar mais brando – e um pouco mais atento – para suas barreiras. Primeiro, deu a elas nomes. Existia a barreira do medo, que ficava bem ao lado da barreira da insegurança. Havia a barreira do escárnio, que ficava ao lado da barreira da indiferença. Havia também a barreira da rejeição e a barreira da autocobrança. E assim, cada barreira era única, mas todas ficavam ali, bem pertinho do menino.

E com o passar do tempo, o menino percebia mais e mais detalhes em suas barreiras. Cada uma tinha suas características especiais. Ele já não evitava olhá-las, tampouco. Percebeu que a barreira do medo era rígida, tensa e bloqueava sua visão quando se assustava. Notou que a barreira da indiferença não era tão indiferente assim, e buscava seu olhar quando ele não estava olhando. Notou que a barreira da intolerância era na verdade muito menor do que acreditava ser, e poderia ser pulada com facilidade. Notou que a barreira da cobrança era na realidade um espelho, e bastava ele relaxar que o olhar de cobrança desaparecia.

E assim envolto em pensamentos, o menino adormeceu. E ao despertar, viu que havia crescido. Já não era mais um menino, e já não era mais tão pequeno. Levantou-se – acima de todas aquelas barreiras – que agora eram apenas lembranças de um menino que cresceu. Lembranças que não deixariam de existir, mas não doíam mais, não machucavam mais, não mais bloqueavam seu acesso à vida. Já podia ver o horizonte acima delas, e era um horizonte muito bonito.

– Mirela Fioresy

Carta da Leitura de Tarot que originou o conto “O Menino”, Contos de Tarot, por Mirela Fioresy, como resultado de leitura real de tarot. Tarot: Space of Variations, Por Vadim Zeeland, versão original em Russo. Tema da Leitura: Amor.

Contos de Tarot são leituras de Tarot personalizadas, que trazem respostas e reflexões para questões enviadas pelo consulente, na forma de um Conto exclusivo. Apesar de serem criados como uma mensagem especial para quem solicitou a leitura, são contos que trabalham com imagens e conceitos do inconsciente coletivo da humanidade, trazendo também reflexões para todos nós.

Reserve seu conto AQUI.